27/03/2013

Sair do armário….para o quarto escuro

Tenho um ex colega do secundário, que reencontrei recentemente e que me relevou ser gay. Para mim foi a surpresa total. Posso afirmar que nunca suspeitei que fosse homossexual. Nunca houve qualquer indicador que me levasse sequer a considerar tal coisa.  O meu  colega contou-me ainda que ao chegar aos 33 anos, a idade de Cristo by the way, decidiu que não se ia esconder mais no armário pois já o tinha feito mais de uma década onde fora extremamente infeliz. Primeiro teve que aceitar que era gay após uma educação algo religiosa, depois tentou levar a sua vida, mas sem revelar a verdade aos seus amigos e familiares. Disse-me que se sentia incompleto, que estava a viver uma mentira e que para viver a vida em pleno tinha que sair do armário e contar toda a verdade à sua família e amigos.

Correu mal, muito mal.

Os pais reagiram da pior maneira possível e imaginável enquanto que os irmãos aceitaram com (surpreendente) normalidade. Os pais sugeriram várias coisas como, esquecer o assunto, procurar a mulher certa para resolver o “problema”, continuar a esconder o “problema” e outras ideias ainda mais brilhantes. Todas as sugestões não foram do agrado meu  colega que há mais de um ano que não fala com os pais. 

Compreendo que para os pais é muito complicado aceitar este tipo de informação uma vez que a grande maioria da população teve uma educação conservadora e muitas vezes, profundamente religiosa mas vendo do ponto de vista do meu colega, não é mais duro para a pessoa que terá que viver toda a vida a lutar contra homofobias e preconceitos idiotas. Ele apenas revelou aos pais a sua verdadeira natureza inata e isso apenas lhe serviu para que estes lhe virassem as costas num grande momento de vulnerabilidade. Afinal de contas ele saiu do armário para um quarto escuro mas pelo menos é livre e não vive mais numa mentira nem a vida pela metade.

É preciso ter uns grandes tomates para nos aceitarmos como somos, mesmo que isso incomode os mais próximos pois assumimos que como próximos que são que nos aceitam acima de qualquer diferença do que é o considerado "normal" nos standards da sociedade.

E ser homossexual ou lésbica é tão natural como ser heterossexual. É algo com que se nasce e faz parte de nós. Tentar impedir casamentos do mesmo sexo, adopção por casais do mesmo sexo e outras idiotices ligadas (apenas) à orientação sexual  não levam à evolução social, pelo contrário, deixam-nos a todos num quarto bem escuro.  

2 comentários:

  1. Isto ainda vai demorar mais umas quantas gerações até se aceitar normalmente as opções sexuais das pessoas.

    ResponderEliminar