19/10/2012

Momentos de desespero e sufoco e outras choradeiras


Cada vez que vejo as noticias em Portugal fico com um aperto no coração e ao mesmo tempo com um sentimento de alívio por não me encontrar no país. Penso nos familiares e amigos que lá estão e no que devem estar a passar agora. A verdade é que nos últimos meses tenho recebido dezenas de pedidos de informação sobre empregos no estrangeiro e qualidade de vida por estes lados. Estes pedidos vêm de amigos e completos desconhecidos que por intermédio de outros, conseguiram o meu contacto. Prova que o desespero é grande e que a vontade de mudança é muita. Agora vamos a ver os factos. Dessas dezenas de contactos quantos realmente me enviaram o CV ? Pois... apenas dois. 

Quando se trata de família com filhos na escola, compreendo que sejam situações mais complicadas apesar de ser mais fácil fazer uma grande mudança com crianças pequenas do que com adolescentes... Mas a verdade é que muitos não estão preparados psicologicamente para deixar a família e amigos e partir para outros cantos do mundo em busca de melhores oportunidades. Ontem vi na televisão os 20 enfermeiros que partiram para Londres e estavam numa choradeira pegada no aeroporto. Tudo malta que não sobrevivia nem um dia na tropa. Chamem-me dura, fria, o que quiserem. Mas nas imagens de ontem só via meninos a chorar... que vergonha. Emigrar a sério era nos tempos em que se estava anos sem voltar a casa ou já se sabia à priori que nunca se regressaria ao país de origem.  E aqueles que não sabiam ler nem escrever e nem sequer uma cartita para casa podiam enviar? E quando não havia telefones nem Internet? E quando andar de avião era um luxo apenas reservado a milionários? Por isso jovens de hoje, emigrantes de amanhã, deixem-se de mariquisses por favor.  Somos, com muito orgulho e décadas de experiência, um povo emigrante. 

Não é fácil emigrar. Não é fácil estar longe da família e amigos. Não é fácil começar de novo tão longe.  Não é fácil adaptar-nos a uma nova cultura. Não é fácil aprender outras línguas. Tudo junto e pesando as consequências consegue ser muito melhor do que estar em Portugal agora... Pensem a longo prazo minha gente.

2 comentários:

  1. Falta aí uma desculpa: o que faço com os gatos!? Para onde for, eles vão junto :-)))
    Já te disse que 'tou contigo: não se justificam as lágrimas e a lamechice, muito pelo contrário! Se fosse só eu e não houvesse tantos pormenores a pensar e mudar, já tinha ido há muito!!! Mas irei, sem dúvida. Não nos restam opções. E isto não é uma afirmação fatalista, é até bastante individualista: se pago impostos pelo privilégio de morar num país, vou dar-me ao luxo de escolher o que mais e melhor me oferece. E mais nada!

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  2. sim tens razao, falta o cao e o passarinho e tal... Esta nova geracao sao uns meninos...

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